terça-feira, 14 de julho de 2009

Sonha em Decolar? Faça um Business Plan

Então, antes de pensar em abrir o seu próprio negócio faça um plano de vôo: um business plan.

Pergunte a qualquer companhia de venture capital – aquele tipo de empresa conhecida por financiar negócios embrionários de Internet – qual o primeiro passo para lançar um site. A resposta vai ser uma só: business plan, ou, em português, plano de negócios. Numa época em que todo mundo acredita ter uma boa idéia, só tem chance de ganhar a batalha por capital quem apresentar um bom plano de vôo. Conhecer o mercado, a concorrência, os clientes e o retorno esperado são alguns dos dados obrigatórios antes de fazer qualquer investimento. O que muita gente esquece é que não é preciso estar disputando a atenção e o dinheiro de um sócio capitalista para fazer um business plan. Para virar patrão e montar a própria empresa também é preciso colocar no papel todos os detalhes da empreitada. É lógico que só isso não garante sucesso. Mas trata-se de um bom começo. “O business plan é fundamental, antes de mais nada, para saber se a idéia é viável”, diz Marcelo Gomes, diretor de fusões e aquisições da consultoria Ernst Young.
Fazer um bom business plan pode inclusive ser a diferença entre o sucesso e a falência. Segundo recente pesquisa do Sebrae feita em doze Estados do País, de cada 100 companhias nacionais entre 55% e 73% fecham as portas até o terceiro ano de atividade. E a maior parte dos fracassos não acontece apenas pela conjuntura econômica ou inadimplência. Eles também ocorrem pela falta de experiência de seus donos. Em São Paulo, por exemplo, nas empresas extintas, erros como falta de conhecimento do mercado, da forte concorrência, um ponto inadequado e poucos conhecimentos gerenciais representam 54% dos fatores do insucesso. De novo: business plan não faz milagre. Mas na hora de fazê-lo você certamente vai sair fora de mitos como “boa idéia e dinheiro garantem sucesso” ou “este produto é infalível” (lembra da passagem da Pizza Hut, do KFC e do Arby´s por aqui?).
Na prática, traçar um plano de negócio nada mais é do que colocar no papel uma análise minuciosa do que te espera (confira quadro abaixo). “Quem não faz o plano geralmente erra nos custos”, revela Sônia de Almeida, consultora do Sebrae-SP. Foi o que aconteceu com o empresário Jairo Cardoso, que há dois anos montou um distribuidora de água em São Paulo. “Me entusiasmei com o negócio.” Ele reuniu todo o dinheiro da indenização de 37 anos de trabalho num banco e investiu no negócio. O problema é que ele não fez um bom planejamento. Tudo o que Cardoso tinha em mente eram clientes potenciais e uma vaga noção de mercado. “Não sabia como era o negócio na prática nem tinha previsto todas as despesas. Só depois descobri o custo alto e o retorno baixo”, diz. Resultado: além de não ter tido lucro ainda, ele já cortou metade de seus empregados.
É claro que para virar o próprio patrão não basta apenas ter em mãos uma teoria perfeita. É necessário um perfil de empreendedor. Para isso, antes de colocar a mão no bolso – e portanto ainda na fase do business plan – veja se você é confiante, otimista, persuasivo, tem espírito de líder e capacidade de buscar oportunidades. Se você não é assim, se associe a alguém que seja ou reveja seus planos. Tendo isso nas mãos, avalie o mercado pretendido. O plano de negócio deve funcionar como um mapa de coordenadas. E, como tal, reproduzir da melhor forma a realidade. Mantenha os pés no chão, não faça apenas projeções otimistas. “Fiz uma planilha inicial esperando ficar cinco meses sem vender nada”, conta o empresário Maurício Orsi, 30 anos, que em 1994 deixou seu emprego no banco Chase Manhattan para montar uma empresa de software. “Também aproveitei um boom no mercado e minha experiência para conseguir futuros clientes.” Orsi estava certo. Em seis anos ele aumentou em 150% o faturamento de sua empresa e profissionalizou o negócio. Este é outro ponto crucial: desde o primeiro esboço, profissionalize a gestão. Não misture capital e finanças pessoais, nem coloque seu patrimônio em jogo se o negócio estiver no vermelho. Também determine um prazo para a empresa decolar. Um, dois, cinco anos, veja por quanto tempo você pode sustentar um negócio sem estourar sua meta inicial.
FONTE: Fabiana Godoy - Dinheiro na Web - 11/12/2008.