quarta-feira, 3 de março de 2010

Sem Contadores o Brasil também para



Notícias do CRC SP: Atividades Externas




Certo dia, ainda faltava entregar algumas declarações pela internet, mas, de tão cansado, debrucei sobre a mesa do computador e sem querer, adormeci. Em pouco tempo, comecei a sonhar e, em meio a tantos papéis e obrigações do dia a dia, sonhei que todos nós, Contadores do Brasil, de forma unânime, resolvemos tirar umas férias por tempo indeterminado.

Logo, a notícia virou destaque em todos os jornais, rádios e TVs do Brasil. A notícia pegou todo mundo de surpresa. O País ficou um caos. Nem eu imaginaria que aquela notícia poderia causar tanto efeito. E, em meio a tanta confusão, os dias foram passando e a situação do País foi se agravando cada vez mais.

De seu gabinete, o presidente da República, com olhar preocupante, perguntava aos seus ministros o quanto a União tinha em Caixa e qual era o Superávit Primário.

“Mas, presidente, o pessoal da Contabilidade ainda não nos passou os dados”, diziam os ministros apavorados.

Não contente com a resposta, ele queria saber também como andavam os lucros das empresas financiadas pelo BNDES e ligou para o presidente do banco. Porém, o presidente do banco disse que seria impossível fornecer os dados, pois os Contadores ainda não tinham voltado ao trabalho. Sendo assim, nenhuma empresa tinha apurado o resultado de suas operações.

Bem perto dali, no Ministério da Fazenda, todos estavam atônitos e não sabiam ainda em quanto tinha fechado o PIB brasileiro no mês anterior.

Lá na Receita Federal, o pessoal ficou desesperado, pois ainda não havia caído nenhum centavo na conta do "Leão" e ele ficou ainda mais feroz.

Não houve o recolhimento de nenhum tributo, pois os Contadores não apuraram o faturamento das empresas e nem preencheram os Darfs para recolhimento. Nenhuma declaração foi recebida pela base de dados, ficando impossível cruzar os dados e identificar possíveis fraudes.

A mesma coisa aconteceu na Previdência Social e lá foi ainda pior, pois era início de mês e não houve o recolhimento do INSS. Fato semelhante aconteceu com o FGTS. Também nos estados e nas prefeituras todos reclamavam, respectivamente, o dinheiro do ICMS e do ISS.

Muitos serviços paralisaram devido ao fato das despesas não terem sido empenhadas. O repasse dos impostos também ficou prejudicado, pois faltavam Contadores para fazer o serviço.

Ninguém sabia ao certo qual era a arrecadação com os tributos. E tudo isto porque nós, Contadores, resolvemos paralisar nossos serviços e tirarmos uns dias de folga.

Até mesmo o Judiciário sofreu com a paralisação. Não havia Peritos-contadores e muitos processos ficaram parados devido a falta de Peritos para efetuarem os cálculos judiciais.

Nas empresas, a situação não foi diferente. Pilhas e pilhas de notas fiscais se acumulavam sobre a mesa, à espera de alguém que as registrassem no sistema. E só mesmo um Contador poderia efetuar os lançamentos e registros na Contabilidade, entender aquele monte de códigos CFOPs, CSTs, o método das partidas dobradas e ainda lançar de forma correta no Sped?

Muitas empresas simplesmente cancelaram suas vendas, pois, sem o Contador, ficou difícil entender o emaranhado de resoluções, protocolos e alíquotas envolvendo seus produtos.

Nas indústrias, as empresas não sabiam mais como alocar seus custos, nem mesmo sabiam seu custo de produção e tampouco o preço de venda. Análise de balanço, nem pensar. Como fazê-la se os dados estavam desatualizados? As análises não contemplavam as situações reais das empresas.

Assim, muitas companhias engavetaram seus projetos de investimentos. Sem dados contábeis exatos, não ousavam arriscar em novos projetos sem terem um norteamento do pessoal da Contabilidade.

Para as pequenas empresas, que dependiam do Contador para tudo, a situação era mais alarmante.

Na Bolsa de Valores, sem balanços auditados, as empresas não puderam ofertar ações em bolsa. Sem a confiabilidade das informações contábeis tornou-se impossível aos investidores identificarem um investimento rentável e seguro. As grandes empresas perderam milhares e milhares de dólares.

E, após tamanha confusão, ufa! Acordei e respirei mais aliviado! Tinha sido só um sonho. Ainda bem.

Este sonho, apesar de parecer tolo e ingênuo, nos dá uma ideia de como o País pode ficar bem complicado sem o trabalho dos Contadores.

Infelizmente, a sociedade ainda não nos dá o valor que merecemos. É lastimável saber que há quem acredite que o avanço da tecnologia vai dispensar o trabalho do Contador e que os sistemas eletrônicos farão nosso trabalho.

Mas afinal, quem irá desenvolver os sistemas contábeis? Quem veio primeiro? Os sistemas ou a Contabilidade? A Contabilidade veio primeiro e foi gradativamente se adaptando às inovações tecnológicas. Jamais uma profissão tão antiga e importante para a humanidade será substituída pela tecnologia.

Pelo contrário, a tecnologia e a Contabilidade andam juntas, se complementam, atingindo a perfeição, a rapidez, a confiabilidade e a transparência das informações de forma inigualável, como o mundo globalizado busca e necessita.

Assim, me arrisco em afirmar que: sem Contadores, o Brasil também para.

Autor desconhecido.

Colaboração: Marcos Apóstolo, ex-delegado regional do CRC SP em São José do Rio Preto.


FONTE: http://www.crcsp.org.br/index.asp